domingo, 15 de junho de 2008

O Ponto de partida...

A sociedade brasileira atual vive a descoberta de suas próprias calamidades. Após um longo período de construção de uma sociedade industrial pujante, sob a égide de uma ditadura que cerceava a liberdade da população, estava criada uma nação de destaque no cenário mundial. Destaque por um lado pelo crescimento marcante dentre os maiores do século XX. Por outro, pelo lastimável estágio de desenvolvimento social. O crescimento econômico e baixa liberdade civil certamente foram os principais causadores dessa estrutura distributiva excludente do Brasil atualmente.
O cenário atual é então de um país com pouco mais de uma década de abertura comercial, um grave problema de desigualdade e relativa estabilidade política e econômica. Nesse contexto, é preciso construir os próximos passos dessa história. O foco é então como o recente processo de desenvolvimento industrial brasileiro, que pretende iniciar uma trajetória de crescimento baseada na inovação, construirá a sociedade que será encontrada por nossos filhos e netos?
O problema central a ser tratado é como fomentar organizações produtivas que obterão poder de monopólio por meio de seus produtos, processos, serviços e gestão inovadores sem que o lucro advindo dessa posição privilegiada de mercado resulte em concentração da riqueza nacional.
Considerando que o poder político continue no atual estagio democrático, sem nenhuma nova tentativa de estabelecimento de ditadura, o primeiro passo é o restabelecimento da ética na política nacional. É fundamental que a postura dos eleitos para priorizar as ações coletivas de nosso país sejam pautadas por mais senso de resultados. A impressão que o atual cenário político nacional passa é que após o termino do Estado ditatorial, não existe mais um objetivo político a ser perseguido. É como se os problemas nacionais como miséria, ineficiência do sistema educacional, e seus resultantes como a pauperização da saúde e a criminalidade não estivessem prostradas em nossa cara. O que se vê entretanto, são câmaras municipais aprovando mais títulos de cidadania, deliberação sobre nomes de ruas e praças, do que projetos que melhores a vida nas cidades. Os Estados são utilizados como vitrines para candidatos presidenciáveis. A União vive uma seqüência de escândalos fundamentados e outros criados como estratégias políticas que a torna inoperante.
A ausência dessas mudanças nas instituições nacionais mantém os empresários em sua postura de adotar o “caixa-dois” como uma estratégia gerencial para a competitividade. E conseqüentemente, todos os demais delitos de transgressão das regras institucionais estabelecidas são vistos como sinal hábil de sucesso. A vitória do “jeitinho” brasileiro sobre o coletivo.
Porém, o “jeitinho” guarda também a prova da capacidade criativa do brasileiro em superar as dificuldades impostas pela ineficiência do poder público. Essa característica nacional é certamente um importante elemento para o desenvolvimento industrial que deseja ser mais criativo e superar as dificuldades impostas pela necessidade de concorrer internacionalmente. Talvez seja ele o principal insumo para a nova jornada industrial respaldada na inovação. É necessário entretanto, que muita coisa se altere para que essa capacidade da população seja bem utilizada para melhorar a vida coletivamente.

Um comentário:

Castor disse...

Ilustríssimo Sr. Silvestre:
E quando vamos começar a quebrar tudo?
Sds,
Castor